Em seu artigo “Redes sociais na internet: considerações iniciais”, a doutora em Comunicação e Informação Raquel da Cunha Recuero (foto) apresenta diversos modelos teóricos que problematizam a estruturação das redes sociais. O interessante do texto é que as teorias são apresentadas, mesmo que suas falhas invibializem a sua aplicabilidade nas redes sociais utilizadas pela autora do texto: o Orkut, blogs e fotologs. Porém, a título de conhecimento, é uma proposta válida, já que certos aspectos teóricos podem ser aproveitados para análises de redes que se tornaram populares após 2004, ano em que o artigo foi redigido, como o Facebook, o Twitter e o Flickr.
A desmistificação do Orkut como uma rede social ampla e conectada, com um pequeno grau de separação, merece destaque. Há de se ressaltar, como o faz a autora, a possibilidade que a rede lançada pelo Google permite de adicionar amigos ainda que não exista qualquer tipo de interação social entre as duas pessoas envolvidas. Ou seja, muitas das conexões são falsas e não funcionam como representação da existência real de uma rede social. Como basta fazer o convite de amizade e o outro envolvido aceitar, essa “relação aditiva” não faz da interação social um pressuposto para o estabelecimento das conexões. Resultado: o que era para ser rede social pode se transformar numa mera “coleção de perfis”.
No entanto, generalizações devem ser evitadas com relação a esse assunto. É verdade que nem todos os amigos são, de fato, amigos. Porém, isso não significa que as conexões do Orkut não configurem conexões sociais. Como bem lembra a autora, não é a totalidade de conexões que são feitas de modo aleatório. Existem outros critérios para tal, que vão desde motivações naturais, como conhecer a pessoa adicionada no mundo off-line, até as mais superficiais, como conectar-se apenas a pessoas bonitas.
Em seguida, Raquel da Cunha Recuero parte para a análise dos blogs e fotologs. Estes são dois exemplos de sistemas que deixaram o mundo ainda menor, seguindo o modelo dos mundos pequenos. De acordo com esse modelo, a distância média entre quaisquer duas pessoas no planeta não ultrapassaria um número pequeno de outros indivíduos, desde que alguns laços aleatórios entre os grupos existissem. Entretanto, isso não é garantia de que os mecanismos de interação (comentários, lista de "blogs/fotologs" favoritos, etc.) realmente asseguram o estabelecimento de laços sociais entre os envolvidos.
Em suma, a autora conclui, ao fim do artigo, que os modelos teóricos de análise de rede (de estudiosos como Barabási e Albert, Watts e Strogatz e Erdös e Rényi) que apresenta ao longo do texto falham quando se tenta aplicá-los às redes sociais virtuais analisadas, ou seja, o Orkut, o blog e o fotolog. Isso acontece porque esses modelos se revelam insuficientes em verificar as complexidades de uma rede social na internet. Talvez porque se concentrem demasiadamente na sua natureza matemática e pouco investigativa do teor das conexões. Moral da história: os modelos apresentados podem até ser aplicados nas redes sociais, mas não consideram premissas básicas da análise social.
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