Manifesto contra o Rosa!

Desde que a mulher passou a ser dona do seu dinheiro e ganhou autonomia sobre o poder de compra, surgiu uma categoria misteriosa no mercado de consumo definida como "publico-feminino". Por mais heterogênea e ampla que seja essa categoria, para a indústria tecnológica incluir as mulheres nesse mercado se resume a comercializar produtos rosas ou com florzinhas e bichinhos. E, o mais engraçado, o mercado realmente acredita que assim está representando as mulheres.

O melhor seria assumir que só se pretende aumentar a base de consumidores mesmo, nivelando todos os tipos de mulheres num só modelo. No entanto, o estereótipo incomoda. Atrair a mulher para o mercado tecnológico não pode se resumir a colocar detalhes felpudos e florzinhas nos aparelhos, como se a aparência fosse a unica coisa que importa na decisão de compra das mulheres. Não conheço nenhuma mulher que usaria um HD externo rosa só por ser"feminino".


Nada contra a cor ou de quem gosta dessa cor, mas definir toda a metade da população do mundo como tendo apenas um gosto e um único tipo de comportamento é bem limitante. Além do mau gosto das peças, o público feminino aparece sempre como um ser bobinho, infantilizado e frágil que precisa de florzinhas e fru-frus para se representar. Jogadoras de game, por exemplo, reclamam que quando vão nas lojas comprar algum jogo, os vendedores sempre oferecem os mesmos games no estilo de "Crash", como se o gênero fosse determinar a preferencia ou aptidão para determinado jogo.

Queremos qualidade. Queremos ser representada por esse industria como seres inteligentes, autônomos e que sabem o que querem. Incluir para estereotipar só reforça velhos hábitos e preconceitos. Prefiro que a inclusão tecnológica seja feita através de mais vagas para mulheres nas empresas que produzem esses aparelhos. Mais mulheres trabalhando em TI seria suficiente para ampliar a paleta de cores desses produtos.